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quinta-feira, 8 de maio de 2014

As Vantagens de Ser Invisível - Nós poderemos ser heróis, apenas por um dia ♫

Nota: 5/5
Favorito

As vantagens de ser invisível nos leva ao mundo de Charlie, um adolescente que escreve suas aventuras e desventuras, na escola e fora dela, em forma de cartas para um leitor desconhecido, narrando os seus sentimentos, relações, esperanças, medos e descobertas de forma engraçada, simples e inocente.
Com leveza nos faz adentrar em um jogo próprio, em suas dificuldades, seus altos e baixos, e através de seus olhos nos mostra as suas relações com seus pais, seus irmãos, seu professor e seus novos melhores amigos, Sam e Patrick.
Com foco nas percepções de Charlie e suas relações, Stephen Chbosky desenvolve uma história engraçada, cativante, reflexiva e emocionante. Um livro forte e existencialista.
Confesso que como potterhead, conheci primeiro o filme por causa da Emma Watson, e com o Ezra Miller (atuação sublime em Precisamos falar sobre o Kevin) e o Logan Lerman (meio-sangue aqui), fiquei ainda mais intrigada para assistir. Sabendo que era uma adaptação fiquei receosa em ver antes de ler o livro, porém acabei cedendo a curiosidade e passei o ano novo assistindo ao filme. Adorei. Coloquei o livro na minha lista, e na primeira oportunidade comprei. Demorei para ler, justamente por causa do filme, mas quando o fiz, novamente não me arrependi.
Logo ao conhecer Charlie percebemos seu diferencial. Ele é inocente, doce, puro, tem dificuldade em se relacionar, e é depressivo e solitário. Com o passar da história vamos conhecer as raízes da personalidade de Charlie, e também percebemos sua evolução. E tudo começa com a sua amizade com Sam e Patrick. Ele se torna infinito ao compartilhar suas emoções, ao se permitir a troca de experiências, se apaixona e se abre às possibilidades.
Com seu professor adentra no maravilhoso mundo da leitura, que nos leva a lugares desconhecidos, nos surpreende, fascina e ensina. Os livros têm um papel importante na vida de Charlie. Tem como não se identificar?
E com a evolução das relações na escola, percebemos também que ele evolui no relacionamento familiar, mostrando como todas as áreas da vida se conectam e como a auto-estima tem um papel importante nas nossas vidas.
Eu particularmente gosto da narração em primeira pessoa, pois ela nos permite, quando bem-sucedida, uma conexão maior com o personagem principal, uma identificação profunda, que nos faz refletir e comparar com a nossa própria história. Nos emociona e encanta de uma forma única. E é assim com As vantagens de ser invisível, um livro sensitivo e perceptivo. Uma história pesada, contada de forma leve pela pessoa mais inocente que “conheci”. E mesmo sabendo o final, me senti despreparada e emocionada quando cheguei as páginas finais.

Um livro curto, de leitura rápida, mas que em 224 páginas me fez rir, chorar, e sentir toda a desesperança e todo o amor do mundo. Profundo, apaixonante, infinito. Como Charlie, Sam e Patrick (aliás, não há um elenco mais perfeito para esse livro que o escolhido). Como é se sentir na pele de outra pessoa? Leia e descubra.


♫ Embora nada, nos mantenha juntos
Poderíamos roubar tempo, apenas por um dia
Nós podemos ser heróis, para todo o sempre
O que quer dizer? ♫
David Bowie ;)

Princesa Mecânica: Amor, amizade e oceanos!



Nota: 5/5 
Favorito


Cassandra Clare é uma das melhoras autoras desse novo gênero sobrenatural teen. Desde Cidade dos Ossos, eu me apaixonei por suas palavras, seu ritmo fluído e seus personagens cativantes. É bem verdade, que ela é psicopata gosta de fazer os leitores sofrerem com finais bombásticos e reviravoltas. Mas esse é um dos diferenciais. Adoro autores que não tem medo de ousar em seus livros.
O final de Príncipe Mecânico destruiu meu coração, estilhaçou. Então, protelei um pouco para ler esse final da trilogia, sabia que ia chorar e foi tiro e queda!
“Continuação de Príncipe mecânico, “Princesa Mecânica” é ambientado no universo dos Caçadores de sombras, também explorado na série Os Instrumentos mortais, que chega agora ao cinema. Neste volume, o mistério sobre Tessa Gray e o Magistrado continua. Mas enquanto luta para descobrir mais sobre o próprio passado, a moça se envolve cada vez mais num triângulo amoroso que pode trazer consequências nefastas para ela, seu noivo, seu verdadeiro amor e os habitantes do Submundo.
Tessa e Jem irão se casar e Will está destroçado assim como eu, porém o amor por seu parabatai não o permite interferir na felicidade de seu melhor amigo.
Muito se disse sobre esse triângulo amoroso. Sobre Tessa e Will e Jem e Tessa, mas o maior ‘casal’ é formado pelos parabatai. Um amor lindo, puro, que cresceu na escuridão para ambos, quando se viam sozinhos. Will construiu barreiras aparentemente intransponíveis e Jem com sua doença fatal. O doce menino e o frio egoísta. A Bela e a Fera.
A construção dessa amizade e a eminência de um fim trágico foram escritos em primazia por Cassandra, foi angustiante acompanhar o sofrimento dos três garotos. Cada palavra não dita, cada olhar desviado, cada pensamento posto de lado, cada livro não enviado.
As aventuras contra Mortmain foram interessantes, mas teve um papel secundário para mim. Claro, que foi a luta contra o Magistrado que trouxe as revelações sobre os caçadores, as descobertas sobre a identidade de Tessa, a sua importância, as ligações entre os outros caçadores, o Conselho, os relacionamentos, mas o principal foi o desenvolvimento dos personagens, o que é um trunfo da autora.
Gosto de personagens femininas fortes, que não são mocinhas em perigo esperando pelo cavaleiro com a armadura de bronze para salvá-las. Não, elas enfrentam suas batalhas, seus medos, e não dependem de ninguém, além delas mesmas. E é por isso que destaco aqui Charlotte, Tessa e Cecily Herondale.
Charlotte como a líder do Instituto de Londres nunca se deixou abater pelo machismo e o preconceito em relação às suas ações, sempre ativa, disposta, foi leal aos seus ideais, lutou por seus amigos, e não se deixou vencer pelo desacreditamento dos homens em sua volta. Tessa, desde a bravura com a sombrinha, sempre foi protagonista de sua história, não deixou ninguém tomar o seu lugar de pertencimento, buscou por sua identidade e se colocou à frente da batalha. Cecily, assim como seu irmão, saiu de casa, com um propósito diferente, claro, mas ao longo do caminho se reconheceu como uma lutadora e não teve medo de se empoderar da nova identidade de caçadora de sombras. Enfrentou homens de igual a igual e não tinha medo de falar o que pensava.
Também tenho que citar os pareamentos surpreendentes como o de Henry e Magnus. Sei que o bruxo é um dos personagens favoritos da maioria que li as duas séries (definitivamente é um dos meus) e junto à Henry formou uma das amizades mais improváveis e mais gostosas do universo literário in my opinion.
A mitologia sombria e vitoriana chegou ao fim com o cuidado de amarrar todas as pontas soltas deixadas pelos livros anteriores e conectar os acontecimentos com os da série-mãe. O amor dos moradores do instituto, de Tessa, Jem e Will, a amizade e a lealdade improváveis e por isso mágicas, e o oceano de lágrimas que inundou o meu quarto ao terminar esse livro. Ressaca literária é o termo mais adequado para esse nó na garganta que sinto com saudades desses personagens, dessa história incrível!



P.S.: Sophie e Gideon muito fofos!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Resenha: Os Heróis do Olimpo - O Filho de Netuno

Sei que está um pouco atrasado, já que A Marca de Atena foi lançado recentemente, mas como eu adorei esse livro, que traz a volta de Percy Jackson, resolvi publicar essa resenha que havia publicado no skoob. ;)

Nota: 5/5

A parte difícil de escrever sobre um livro que ama é se controlar e não contar mais do que deve. E vou tentar fazer isso aqui.
Como esperávamos, O Filho de Netuno nos traz Percy de volta, mas ele não é o único herói que se destaca no livro. Hazel, filha de Plutão (Hades) com um passado misterioso e Frank um garoto não muito considerado entre os heróis. E quando digo heróis não me refiro aos semideuses gregos. Estamos agora no Acampamento Júpiter, o do Jason, o dos romanos. E como visto no livro anterior, Hera/Juno trocou Percy e Jason e tirou deles a memória. Um confuso Percy e desmemoriado (ele só lembra da Annabeth *---*), aparece no acampamento Jupiter, como o filho de Netuno, e como sempre o inesperado acontece, e junto com as escolhas menos prováveis de heróis, parte em uma missão suicida ao lado de Frank e Hazel.
Rick Riordan está sendo pretensioso em unir a histórias gregas e romanos em um só livro, não? Todos conhecem a rivalidade entre esses dois grandes impérios. Até agora Rick está indo muito bem, mas acredito que a parte difícil está para começar. 
A união entre as mitologias gregas e romanas é algo que eu pago pra ver, e creio que não tem escritor mais capaz de fazer essa junção que o Rick. Sinto que a cada livro dele, ele melhora, cresce, e isso me deixa mais e mais apaixonada pelo seu talento, sou uma grande fã do seu trabalho.Com um estilo próprio, ele escreve sobre História Clássica, ênfase em mitologia, usando a ficção como arma. Pense, se alguém dissesse pra você ler um livro da História Grega, de suas mitologias, a probabilidade de você torcer o nariz é grande. Não conheço muitas pessoas que gostam de seres mitológicos e nem história. Agora, quando você fala de um livro de aventuras, ação, que envolve um menino semideus, herói, que enfrentará monstros, passará por inúmeras batalhas e terá ao seu lado amigos leais, inimigos humanos e deuses, isso muda tudo, não? Torna tudo mais interessante, e a chance de você se interessar se torna maior. E quando você começa a ler O Ladrão de Raios, logo se descobre desejando ler O Mar de Monstros e sucessivamente, e agora chegamos em outra série, uma spin-off da maravilhosa série Percy Jackson, que ainda traz o nosso semideus preferido como personagem, porém ele não é mais o único protagonista dessa história, tem outros heróis tão importantes quanto ele nessa equação. E sabe o melhor? O Rick consegue nos fazer amá-los quase tanto quanto o Percy, e só não digo que igual, porque com o Percy passamos 5 livros, tivemos bem mais chances de conhece-lo e nos apaixonar pelo cabeça de alga. E quem é fã dele sabe do que estou falando, Percy entrou nos nossos corações e nos cativou e fica difícil, praticamente impossível, outro herói conseguir tal feito. 
O Filho de Netuno tem tudo o que fez do Rick Riordan o gênio que eu o considero. O humor, o sarcasmo, a história, a aventura, os personagens, a magia, tudo o que me leva numa viagem pelo mundo Clássico helênico e agora romano. Mas mesmo seguindo a receita, ele consegue surpreender, inovar e evoluir a história, não é algo parado, previsível, e sim aquela aventura empolgante, conhecendo novos seres mitológicos e os deuses romanos. Aprendemos um pouco do império Romano no Acampamento Júpiter, e as diferenças deles com os gregos, e a rivalidade. Ele nos mostra o porque da Hera ter trocado os heróis, mas as perguntas permanecem no ar, aliás só aumenta a expectativa de saber qual a próxima missão, e como os nossos heróis lidarão com ela. E nos apresenta outros heróis e assim como Piper e Leo no anterior, Hazel e Frank evoluem junto com a história e nos encantam, tem histórias próprias e emocionantes, e ao longo do livro vão descobrindo mais sobre eles mesmos, e o porque de terem sido escolhidos por Hera/Juno.
O mundo está em perigo e é necessário a união de dois grandes impérios para salvá-lo. O que vai acontecer? Gregos e romanos serão capazes de esquecer a rivalidade e construir uma nova história juntos? O que Gaia está aprontando? O que está esperando os nossos semideuses? Essas e outras perguntas rondam o Olimpo..


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Resenha: Feita de Fumaça e Fogo





Quando pensei em escrever sobre Feita de Fumaça e Ossos, a primeira frase que me veio a cabeça foi: Um dos melhores finais de livros, que eu tive a oportunidade de ler!
Na verdade, o livro em si, já é uma preciosidade, uma agonia, como os olhos de Akiva, uma esperança, como Karou, um carinho como Issa. Muito bem escrito, uma mitologia bem construída e personagens complexos.
Muitas vezes fiquei confusa sobre o que sentir em relação aos personagens e sobre a guerra, e acredito que isso seja justamente proposital.
Eu li muitas resenhas sobre esse livro e como ele era incrível, e perfeito, e fiquei super curiosa acerca desse livro. Quando vi a sinopse então, senti uma necessidade de conhecer essa história, que se mostrava com ares de inovação e surpresa.
Pois bem, fui fisgada logo nas primeiras páginas. Tentando desvendar os mistérios sobre Karou, Brimstone e os dentes... E quando Akiva entrou na jogada, foi que eu não consegui mais largar. O que há sobre as quimeras e os serafins? E é o que é essa ligação entre Akiva e Karou?
Há um mistério sobre o caráter dos quimeras, e o passado de Karou que deixam-nos confusos. Mas não, uma confusão ruim, mas sim aquela que nos impulsiona a buscar a respostas, que nos deixa angustiados e ansiosos para chegar ao final e descobrir a verdade por trás desses segredos. Para onde a mitologia nos levará? 
Essa confusão proposital é o ponto forte do livro. O fato é que nós vamos descobrindo aos poucos os segredos da história, é o que nos prende, e nos faz ficar apaixonados. Além disso, os personagens foram muito bem criados, cada qual com sua personalidade, mistérios e complexidade. Cada um nos desperta um sentimento diferente a cada atitude sua, desde amor, carinho a raiva, nojo, ódio. 
Um dos melhores livros dessa nova safra de mistérios e fantasias que estão sendo oferecidos. Vale muito a pena disponibilizar um pouco de nosso tempo para adentrar nos mundos de Karou e Akiva, conhecer um pouco mais dos mistérios que Liani nos entregou, e nos apaixonarmos, mais uma vez, por um livro fantástico.
Não sei muito bem porque (talvez a letra? rs), mas quando escuto Anything Could Happen da Ellie Goulding lembro da história de Karou.


Resenha: O Lado Bom da Vida


Nota: 4/5

Sinopse: Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um "tempo separados". Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes da internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. Uma história comovente e encantadora, de um homem que não desiste da felicidade, do amor e de ter esperança.


Tanto o filme de David O. Russell e o livro do Matthew Quick me encantaram. Assisti ao filme primeiro e se tornou um dos meus filmes favoritos, torci muito por ele no Oscar mesmo sabendo que não tinha chances, o mesmo com o Bradley Cooper, e fiquei muito feliz ao ver a Jennifer Lawrence ganhando a estatueta, o que foi totalmente merecido, pois não consigo imaginar melhores atores para interpretar Pat e Tiffany. 
Lendo o livro, associava inevitavelmente com o filme, e sempre percebendo que os dois foram impecáveis em suas interpretações, captaram perfeitamente a essência dos personagens, suas loucuras, neuroses, anseios, temores, paixões. Fui percebendo as diferenças e ao contrário do que ocorre com outras adaptações (como Percy Jackson que me deu muita raiva) não fiquei chateada, nem decepcionada ao ver que o diretor do filme fez de forma diferente, pois fui percebendo que aquela cena cabia no livro, mas no filme foi preciso fazer de outra forma, e ele conseguiu mudar sem se desvincular do livro. 
No papel a história é mais crua, vamos viajando na mente do Pat e descobrindo certas emoções e fatos junto com ele. Rimos, choramos. Vamos percebendo sua inocência e seu otimismo como forma de fuga da realidade. Nos compadecemos desse personagem tão encantador que só deseja o fim do tempo separados, e que só quer saber do lado bom da vida. 
Enquanto no filme, é destacado sua relação com Tiffany e sua obsessão com Nikki, no livro é colocado em destaque, além de Nikki, as relações de Pat no geral com seu pai, sua mãe, seu irmão, seu terapeuta, seu melhor amigo, e claro com Tiffany. Matthew vai mostrando os avanços que Pat faz nessas situações e como ele lida com seus problemas e suas limitações. Conhecemos e aprendemos com outros personagens também, como o sr. e sra. People, com Jake, Cliff e a invasão asiática. E como em uma temporada de futebol americano vemos as derrotas, vitórias, os torcedores e os competidores, as frustrações e alegrias que acontecem na vida desses personagens e na nossa.
Já Tiffany é um personagem a parte. Enquanto Pat é otimista, ela vem com um pessimismo e muita maquiagem uma carranca. Com seu ódio por futebol americano e seu amor pela dança, ela vai conquistando os leitores, que torcem por seu final feliz. Já Pat ela conquista uma corrida por vez. Ela sempre está lá, até o dia que ele não consegui mais imaginar a ausência dela. E essa conquista, esse sentimento em desenvolvimento é uma das melhores coisas do mundo.
É uma daquelas leituras rápidas, engraçadas e marcantes. Despe o seu preconceito e lhe dá a chance de repensar a sua vida e escolhas. Analisar aquilo que é real e aquilo que é fuga. E tentar assim como Pat ser protagonista da sua própria vida, e buscar que o final seja feliz. Aproveitar O Lado Bom da Vida.
P.S.: Há, como disse, mudanças significativas, mas que não atrapalham, entre filme e livro, então para quem viu só o filme, ou só o livro, vale a pena conferir o outro. ;)

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Faroeste Caboclo

Esses dias fui ao cinema para assistir Faroeste Caboclo. Estava ansiosíssima e como legionária minhas expectativas estavam lá no céu. Porém sai do filme decepcionada. Enquanto filme foi ótimo. Ótimas atuações de Fabrício Boliveira e Isis Valverde, fotografia impecável, trilha sonora perfeita, bons diálogos, enfim, uma direção redondinha. O problema acontece quando fazemos a comparação inevitável com a música. Eu sei que o filme foi 'inspirado' na música de Renato Russo, mas isso não me deixa menos decepcionada. Esperava mais, e quando saí do cinema fiquei com a impressão que o filme foi sobre João e Maria Lúcia, e não como a música que tem como protagonista João de Santo Cristo e coadjuvantes Maria Lúcia, Jeremias e Pablo. E mais, faltaram as críticas que imortalizaram a música. Renato carregou a letra com criticidade, sobrando para políticos, generais, e a sociedade burguesa em geral. Falou sobre racismo, preconceito, futilidade, descaso, alienação, violência. E o filme não mostrou nem 1% disso. Mostrou uma história de amor, o que me fez pensar que eles confundiram com Eduardo e Mônica, só pode. Houve uma quebra total com a música, que para mim, é um dos hinos brasileiros. Só espero que a versão cinematográfica de Eduardo e Mônica não me decepcione como Faroeste Caboclo e Somos Tão Jovens. Enquanto isso fico aqui ouvindo uma obra-prima atemporal! 

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu

Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar

Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
Escolha própria escolheu a solidão

Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico aos doze era professor
Aos quinze foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror
Não entendia como a vida funcionava
Descriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem foi direto a Salvador

E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar:
Dizia ele - Estou indo pra Brasília
Nesse país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar

O João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal
- Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga

Na sexta feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô

Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que seu ministro ia ajudar

Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele iria se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado a plantação foi começar
Logo, logo os maluco da cidade
Souberam da novidade
- Tem bagulho bom ai!

E o João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali
Fez amigos, freqüentava a Asa Norte
Ia pra festa de Rock pra se libertar

Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
- Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!

Agora Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu

Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
- Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter

O tempo passa
E um dia vem na porta um senhor de alta classe com
dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de João
- Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor o senhor sair da minha casa
E nunca brinque com um peixes de ascendente escorpião
Mas antes de sair com ódio no olhar
O velho disse:
- Você perdeu a sua vida, meu irmão!
- Você perdeu a sua vida, meu irmão!
- Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Essas palavras vão entrar no coração
- Eu vou sofrer as conseqüências como um cão.

Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar

Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina

Mas acontece que um tal de Jeremias
Traficante de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que com João ele ia acabar.

Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar

Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Roconha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar

- Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez

Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
- Amanhã, as duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote catorze é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra que jurei o meu amor

E Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora o local e a razão

No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir

Sentindo o sangue na garganta
João olhou pras bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E pras câmeras e a gente da TV filmava tudo ali

E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
- Se a via-crucis virou circo, estou aqui.

E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu

- Jeremias, eu sou homem. Coisa que você não é
E não atiro pelas costas, não.
Olha prá cá filho da puta sem vergonha
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o teu perdão

E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor

O povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade não acreditou na história

Que eles viram da TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer!

Resenha: Forbbidden de Tabitha Suzuma


Advertência: Prepare-se para chorar e muito, esse livro causa fortes emoções! 
Lochan e Maya são irmãos. Mas estão apaixonados. Isso mesmo, apesar de serem filhos dos mesmos pai e mãe, eles se apaixonam. Como mais velhos, os dois são como pais de seus irmãos mais novos, Kit, Tiffin e Willa. Com um pai que os abandonou e uma mãe alcoólatra que raramente está presente, os dois sempre seguram as pontas em casa. Lochan é muito inteligente, mas extremamente tímido, tem fobia das pessoas, o que o atrapalha socialmente. Ele vê em Maya, mais que uma irmã, e ela também o vê assim, como sua alma gêmea como a própria fala. Mas em uma sociedade que o incesto é considerado repugnante, e além do mais é crime, como os dois podem viver o seu amor, sem sentirem que são doentes por isso? Como mostrar para os outros que o que eles veem como monstruoso é para eles algo natural e lindo? (A própria Maya se pergunta isso no livro). Quando li a sinopse achei raro, afinal quantos livros você já leu que fala do amor de dois irmãos? E quando digo amor, não digo o fraternal, não, amor de homem e mulher, paixão. Eu mesma nunca li algo assim. Por isso fiquei logo intrigada. E quanto mais eu lia mais interessada ficava. A autora consegue passar o incesto como algo normal. Eu sei parece repugnante, mas como ela até cita no livro, Freud dizia que o incesto é um tabu, criado socialmente, e que como aprendi em Antropologia, na pré-história era completamente natural o casamento entre irmãos, aliás foi o primeiro tipo de família. Mas depois foi criada a exogamia que é o casamente fora, com mulheres de outros seios familiares, e com isso foi criado um tabu. E esse tabu ficou mais forte com o passar do tempo, a igreja o pegou para si, o condenou e o tornou cada vez mais inaceitável. E hoje crescemos aprendendo a enojar o incesto. Eu enojo o incesto, não serei hipócrita. É estranho e repugnante pensar em ficar com o irmão. Porém, e no caso de Lochan e Maya? Ela mesma confessa que ao pensar em Kit como algo além de irmão se sente doente, mas que com Lochan é diferente porque nunca o sentiu como irmão, sempre o viu além disso. Como se sentir a respeito? Eu confesso que no começo fiquei confusa, mas depois já não sentia nenhum asco ao pensar neles juntos, pelo contrário, achava lindo o amor dos dois. É um livro audacioso, o tema não é fácil de lidar, e como já disse a Tabitha faz dele algo normal entre os dois, é um amor, e nós torcemos por esse amor, torcemos para que os dois fiquem juntos, mesmo sendo irmãos. Nos faz pensar que o amor é algo sem barreiras, nem culturais, nem biológicas, nem religiosas, nem legais, nem nada. O amor é algo muito além de qualquer limite. Me marcou.Não é um desses livros bestas, ou que só servem pra entreter, tem uma história forte, que explora o máximo das nossas emoções. Que te faz refletir, chorar, rir, se enojar, ele dói, te deixa depressivo, mas vale completamente a pena cada lágrima, cada trauma que esse livro traz. Acho que todos devem ler livros assim, que nos tira um pouco a alienação, que nos mostra algo além do clichê, algo fora do padrão. É quase um estilo cult, é um daqueles livros que parecem iguais e acabam sendo totalmente diferentes. Vai além do inimaginável. Será que exagero? Talvez, mas esse livro me deixou marcas, e se tornou meu favorito, e como todo apaixonado, fiquei boba, então posso sim superestimá-lo. Se ele causa uma opinião diferente em outras pessoas, acho que é totalmente compreensível, afinal é o que causa livros assim, controvérsia. 

P.S.; Quando eu penso nesse livro, eu penso na música Vento no Litoral, na versão que o Renato Russo canta com a Cássia Eller, aliás, foi terminar o livro que eu fui correndo escutar a música, e acho que é perfeita pra ele, para mim éa trilha de Maya e Lochan.